Ata cotidiana
ACADEMIA LUVERDENSE DE LETRAS


Se sou eu que escrevo agora
Se minha vida está mudando
Quando fecho uma porta
Mais um ciclo se encerrando

Na janela que se abre
Pra um jardim que já floresce
Vislumbro minha sina
Um poema a cada esquina
Caminho sem preocupação
E sem horário
Pelo meu quintal literário


Fecho meus olhos
E a poesia da vida aqui se atreve
A passar por mim num vento breve

Pela janela eu encontro
Fragmentos de memória
A se expandir pelos segundos
Construindo a nova história

Vejo vida, luz
Um sonho que ainda cresce
Haja dito , paciência
Persistência
Alguma prece.

Muito amor ainda é preciso
Pra regar esse jardim
Somos sementes pensantes
Escritores, leitores, amantes
Desse universo infinito das letras , palavras e afins

Falávamos ontem sobre deixar-se ir ou ficar
Sobre para onde vamos
Pra onde a Academia vai nos levar
E que lugares devemos ocupar

Lugares são passageiros
Cadeiras são temporárias
Mas as memórias são os espaços definitivos que contarão nossas histórias


Começamos o ano
Quase três horas de reunião
Saímos dela pra vida
Dando vazão ao coração

As últimas palavras trocadas
Já na beira da calçada
Levaram luz à escuridão

Se é isso que a poesia faz
Nos transforma em humanos caminhantes
Fico grata e feliz por hoje , cada momento , cada semblante

Pensar a literatura
É viver o movimento da vida
Trazendo em cada alegria a expressão Em palavra cada coisa sentida

Na paz, na ira, na alegria ou na dor
A Palavra escrita transforma em poema cada pauta discutida
Cada verso fluido
Tem o peso de um pensamento partilhado
Seja ele aceito ou rejeitado

Casa instante de reflexão
Nos remete aos mestres
Sua vida, seus exemplos, sua vasta produção
E assim nos construímos
Acadêmicos
Escritores
Devotos
Seguidores

Suassuna
Cecília
Adélia
Ou Vinícius

Ninguém sabe de onde vem
A primeira vontade
O princípio

Mas as vidas que iniciam as escritas
Que nos moldam escritores
Dizem muito de quem somos
Poetas, contistas, contadores

E assim seguimos literando
Escrevendo e memorando
Fazendo jus á tantas histórias
Honrando o que nos cabe
Partilhando palavras
Nutrindo memórias

Por aqui já me despeço fazendo da ata um verso
Da reunião a inspiração
E do lugar
O universo.



Anelise Duarte