UM VERSO VEIO À CABEÇA, QUANDO AINDA COCHILAVA

E NUM ÍMPETO PEGOU PAPEL E CANETA

E A NOITE ERA UM BREU E UMA ÚNICA ESTRELA BRILHAVA

DEPOIS VEIO UM OUTRO E MAIS OUTRO

E QUANDO PERCEBEU ERA UM RIO DE PALAVRAS

QUE DESCIA EM UMA CORREDEIRA

E TERMINAVA EM UMA QUEDA DÁGUA

LEVANTOU NO MESMO INSTANTE EM QUE UM COMETA PASSAVA

CEVOU BEM O MATE ENQUANTO A ÁGUA FERVIA

PISOU DE MANSO PARA NÃO ACORDAR A AMADA

E SORRIA AO VER TANTO AMOR, NAQUELA QUE TAMBÉM O AMAVA

E QUANDO CLAREOU O DIA E O SOL ENTROU PELAS FRESTAS DA JANELA

OS VERSOS ERAM TANTOS, ERAM CANÇÃO, ERA UMA FESTA

SE UM DIA TEVE TRISTEZA, JÁ NÃO MAIS IMPORTAVA

A FELICIDADE ERA TANTA QUE NÃO PERCEBEU A LÁGRIMA QUE DOS OLHOS BROTAVA

E QUANDO A MULHER AMADA ENTROU PELA PORTA

O ÚLTIMO VERSO ERA FLOR E FRUTO

NUM ABRAÇO LONGO ARRANCOU O NÓ DA GARGANTA

E O RIO DE PALAVRAS TRANSBORDOU EM AMOR

AFOGANDO EM POEMAS OS QUE ERAM SOLIDÃO

E MATANDO A SEDE DOS QUE JÁ NÃO TINHAM VOZ.

 

                                                          Jaime Eduardo Borges Floriano