Conheça os ganhadores e seus poemas do 1° Prêmio Literário Vera Terezinha Faccin Carpenedo


O amor, nada mais

O amor? Ele é prata fina da casa.
É o vinho mais encorpado e caro na adega.
O amor não tem avessos, tem é uma infinidade de lados,
que não seguem uma ordem quando apontam caminhos.
O amor não arde, como dizem.
Ele traz a sensibilidade que torna apraz o sentimento que bem entender.
O amor? Quem dera fosse só calmaria!
Traz em si tantos haveres, impossíveis de serem domados.
Ele tem lógica própria e unânime,
que derruba qualquer conceito fechado
ou tentativa de compreensão.
Porque o amor não é proposta acordada.
Desse amor, que parece tão displicente, é que nascem as clausuras,
que instalam tão confortavelmente,
que o torna decisão…
Porque ele é aposta resoluta,
firmada na infinidade de certezas que carrega consigo.
Mas o amor não é dúvida?
O amor sempre será hesitação, que passará por extremos até encaixar-se, comodamente,
na resposta menos pungente que, por si só, buscará equilíbrio.
Sim! Porque o amor traz autossuficiência dos sentidos que, freneticamente estimulados, fazem dele essência determinante, que nunca terá explicação.
O amor nos encerra, nos revolve e, ciclicamente, nos contextualiza, numa razão que não sentencia.
O amor? Ah! O amor é só e tudo isso.
É amor, nada mais.


Destinada
Nasci em canto sem brilho,
Onde a miséria faz cerco,
Memória fraca, qual trilho,
Cenas que o tempo fez preto.
Criança esguia, olhar fundo,
Sem fartura nem afeição,
Na casa pobre, o mundo,
Era penúria, violência e chão.
Sonhei crescer, romper fronteiras,
Correr pra longe da dor.
Guardei meus sonhos em letras,
livros, cadernos e lápis de cor.
Com estilingue florido
Atirei no escuro e fugi
De peito aberto e mãos dadas,
Buscando vida e fartura,
Por outras bandas, longe dali.

Tornei-me protagonista,
Voz na luta insana de “des-iguais"
Mas vejo reflexos, espelhos, feridas
Ignorados por todos deixados pra trás
Os que chegam, com olhos de luto,
fazem a escassez me cercar
Voluntariamente volto ao chão
Que um dia quis deixar,
Por olhos tão fundos e
Outras mãos que ensinam a amar.