Então é Natal…
ACADEMIA LUVERDENSE DE LETRAS


“Então é Natal, e o que você fez?
O ano termina e nasce outra vez
Então é Natal, a festa Cristã
Do velho e do novo
Do amor como um todo …”

ACADEMIA LUVERDENSE DE LETRAS


Cada final de ano somos convidados a pensar e refletir, independente de crenças, nos vemos envolvidos pela esperança do término e no recomeço de um novo ano. A esperança é o combustível ‘nosso de cada dia’. O pão que alimenta nossa alma. E o Natal é um tempo de reflexão, de festividades, união, partilha, perdão, amor ao próximo. É um momento onde a comunidade diminui seu ritmo e se volta para as celebrações. Mas, hoje em vez de orações, olhos nos olhos, escuta afetuosa entre amigos e familiares, nos deparamos com a substituição desenfreada por selfies, perfis renovados e galerias cheias de fotos perfeitas de Natal entre família e amigos. E o mais importante ou o verdadeiro significado do Natal acaba perdendo espaço para o consumismo e a vaidade interpretada através de egos cada vez mais inflados.
Mas, como teve início esta comemoração? De onde vem o costume da ceia natalina? Como nossos antepassados conviviam e se preparavam para esta data? Convido-vos agora para fazermos uma breve viagem na saborosa História e Cultura da Alimentação Natalina.
A história do Natal é rica e celebrada ao redor do mundo. Ela teve início com os povos pagãos que comemoravam, citando um exemplo, o solstício e na igreja católica o nascimento de Jesus Cristo, o messias. Foi a junção de várias atividades culturais ligadas aos festejos regados a mesa farta que fundiram-se com a comemoração do nascimento do menino Jesus e que hoje temos a Ceia de Natal.
Conforme os países iam ao longo da história se adequando e aderindo a festa natalina e seus costumes foram difundidos, cada região adotou seu modo de preparar os alimentos adaptando as receitas típicas conforme a disponibilidade regional. No entanto, algumas receitas são indispensáveis nesta ocasião, como por exemplo: peru, tender, arroz com passas ou amêndoas, bacalhau, farofa, salpicão, frutas, panetone e claro, para os apreciadores, um bom vinho ou champagne.
O peru, ave típica da América do Norte, se tornou conhecida pelos conquistadores europeus, os quais a apresentaram à comunidade europeia, que logo tomou gosto pelo seu sabor e assim substituiu o ganso e javali, os quais não eram acessíveis a todas as classes sociais. Imperioso, ele ganhou o paladar e tornou-se o prato principal para muitos. Decorado, recheado, pouco importa, ele faz jus à fama, por ser grande, ele serve várias pessoas, ideal para solenidades familiares. Sua entrada triunfal e magnânime às mesas brasileiras se deve a influência portuguesa e norte-americana,bem como, as indústrias alimentícias, as quais promoveram esta iguaria. Também por persuasão dos portugueses encontramos muitas pessoas que optam pelo bacalhau na ceia de Natal. Há quem diga que em Portugal se consome tanto este peixe que há mais receitas do que dias do ano.
O tender se destaca como um enfeite bem elaborado. Ele vem do costume que os europeus tinham de comer carne de porco no inverno. Um presunto defumado que já vem pré-cozido e basta alguns toques e ele está pronto para ser servido. Costumeiramente decorado com cravos da índia, ele traz um toque elegante e sofisticado à mesa, sem contar com a sua praticidade, já que pode ser servido frio ou quente, com frutas em caldas, saladas ou purê. E mais uma vez percebemos a influência norte-americana e europeia em nossos gostos e predileções alimentares. Carnes nobres, como citadas acima, trazem ideia de fartura, celebração e prosperidade, conceitos comemorados nas festas natalinas.
O panetone é um dos produtos natalinos mais consumidos no mundo. Sua origem é cercada de lendas e romance, o que sabemos é que teve sua origem na Itália e chegou ao Brasil através de imigrantes italianos. Logo ganhou notoriedade e fãs, assim como, novos sabores, citando o chocotone. As frutas cristalizadas e sua forma alta e pomposa significam abundância e boa sorte. As inovações são constantes, mas a receita original à base de fermentação natural ainda continua no ranking das favoritas pelos degustadores.
O arroz com passas divide opiniões, porém, a uva é símbolo de fertilidade, uberdade e boa colheita, trazendo votos de abundância e boa - aventurança para o ano seguinte. Sem contar com o costume secular de comer doze uvas na virada do ano para trazer sorte ao ano que se inicia. O influxo europeu impera nesta receita natalina, onde a combinação do doce e do salgado trazem elementos de festividade e união, costume que o Velho Mundo nos trouxe através da colonização e que permanece até a atualidade. Sendo assim, percebemos que a culinária brasileira é o resultado da miscigenação que sofreu ao longo da sua história. Há tantas outras iguarias que poderiam ser citadas, como os doces, o panetone, rabanada, pavês, enfim, uma infinidade de aromas e sabores que agradam os paladares da diversidade que é o nosso país.
O que não podemos deixar de perceber que além da influência há algo mais contundente que é a simbologia do Natal, o espírito natalino expressado em cada detalhe, seja na decoração, na mesa bem posta, fartura dos alimentos, na conexão de sabores e de pessoas que buscam o apoio uns aos outros para se conectar pessoalmente em um mundo cada vez mais virtual e que os valores universais e humanizados estão sendo dispensados pelas redes sociais cada vez mais vazias e ilusórias. Seja com a família, com amigos ou desconhecidos não podemos permitir que a alegria do Natal não nos contagie, e assim oportunizar espaço para desenvolvermos a espiritualidade e a caridade. Que entre o velho e o novo, o antigo e o moderno possamos encontrar equilíbrio e paz.
Feliz e abençoado Natal a todos!!
Faço votos de um ano de oportunidades, afeto e resiliência!

Maria Cristina R. Fernandes

Fonte: Musixmatch: Música: Então é Natal. Interpretada por Simone. Compositores: Cláudio Ferreira Rabello/ John Winston Lennon/ Yoko Ono.